terça-feira, 11 de maio de 2010

Passagens e Memórias

EU QUERIA DIZER, ANTES DE TUDO, QUE EU SUGIRO QUE VOCES VISITEM ESSA EXPOSIÇAO NO SUBSOLO DO MASP ANTES DE LER O QUE EU ESCREVI AQUI, PARA QUE FIQUEM LIVRES DE JULGAMENTOS E IDEIAS DE QUALQUER TIPO E POSSAM APENAS SENTIR ENQUANTO ENCARAM ESSAS OBRAS.



Oi!
A foto tá borrada, mas achei que ficou legal assim, condiz com a exposição.
O que mais pode provar que eu estive lá senão a transformação que isso causou em mim? Portanto, não importa a foto. Eu podia até ter estado lá sem estar. Mas eu estive. Eu estive no Masp para ver a exposição do Max Ernst (Uma semana de bondade), sobre a qual eu queria escrever nesse blog. Mas, no fim de tudo, eu resolvi passar no subsolo e encontrei essa exposição da Luise Weiss, que me fez ter mais vontade de escrever do que a do Max Ernst.
Não que eu não tenha gostado do Max Ernst, as colagens me fizeram pensar muito. Mas essa aqui me fez sentir muito. Pensar é legal, mas acho que sentir é mais legal.

Eu nem sabia que essa mulher existia.
Mas agora descobri que ela existe, que é brasileira, que está viva, e que estudou Artes Plásticas na ECA e dá aulas na Unicamp e no Mackenzie.

Bom, acho que eu preciso começar com as informações técnicas, né?
A exposição é no Masp - acho que eu não preciso dar o endereço, né? - no subsolo.
Começou em abril e vai até 13 de junho.
Consta de algumas pinturas, algumas fotografias, algumas gravuras e um vídeo.
Enfim, eu acho que se vocês entrarem nesse site aqui (que, por sinal, é o site do masp), vocês terão informações bem precisas e substanciosas, inclusive com textos de diversos críticos e artístas plásticos que eu acho que não devem ser lidos antes que se visite a exposição. Por isso, eu também não vou colocar fotos da exposição aqui, porque eu acho que o intuito desse blog é que as pessoas se interessem por ir às exposições, se vocês lêem os textos antes de ir ou vêem imagens, vocês vão à exposição fazer o quê?

Acho que o que eu posso fazer de mais legal é escrever por que eu gostei da exposição, então:
Enquanto você ainda está um pouco longe dos quadros, caminhando em direção a eles, a primeira sensação é "pintura expressionista alemã", porque os rostos borrados, desfocados, de cores ecuras e pinceladas violentas parecem pessimistas e angustiados. Mas quando você chega mais perto, a sensação muda para "isso não é pessimista e angustiado, porque é impreciso demais e não pode ser nada a não ser o tempo". Aí você lembra que a exposição chama-se "Passagens e memórias". As fotografias sobrepostas de rostos e natureza são insuportavelmente orgânicas, dando o sentimento de que a única coisa que pode nos libertar do tempo é a natureza, é ser natureza. As xilogravuras talvez sejam sim um pouco angustiantes, com reflexos suaves de pessoas paradas, rostos parados, em meio a padrões de riscos que parecem estar passando e deixando só esses reflexos vazios.
Tudo é como se fosse mesmo a memória - impreciso, desfocado, meio liquefeito, talvez um pouco distorcido do que realmente foi. Aquelas pessoas representadas naquelas cores, naquelas pinceladas, naquelas xilogravuras ou fotos sobrepostas não são do instante morto, como quando fotografadas, elas têm uma espécie de presença estranha, mais real do que uma fotografia, porque elas transcendem o ser-imagem.
Eu não sei mais codificar em palavras o que mais eu senti enquanto estive ali, qualquer coisa que eu tentar dizer será insuficiente. Portanto, eu acho que vocês deviam ir, mesmo que vocês tenham lido isso aqui.
Me deu vontade de ficar ali sentada com aquelas pessoas, além do tempo, e eu não sei explicar o porquê. Eu não preciso saber.


Por Mariana Fernandes Gomes


Nenhum comentário:

Postar um comentário